Nesta sexta-feira, 15 de agosto, Alejandro González Iñárritu completa 62 anos, e segue como uma das vozes mais inquietas e provocadoras do cinema contemporâneo. Cineasta do desconforto, do caos e da espiritualidade, o mexicano construiu uma obra que não apenas observa o sofrimento humano, mas o envolve em múltiplas camadas narrativas e estéticas. Seu cinema é como um mergulho: vertiginoso, desorientador, mas profundamente revelador.
Desde a trilogia da dor — Amores Brutos (2000), 21 Gramas (2003) e Babel (2006) —, ele revelou um talento raro para costurar destinos em colapso e transformar o acaso em motor narrativo. A dor física e metafísica, a culpa, o luto e o peso das escolhas são constantes em suas histórias, sempre fragmentadas, como se o tempo também estivesse ferido.
Na segunda fase de sua carreira, Iñárritu ampliou sua linguagem, e a desconstruiu. Birdman (2014), com seus longos planos-sequência, é uma metáfora vertiginosa sobre ego e arte, enquanto O Regresso (2015) transforma o corpo humano em paisagem devastada, num épico de sobrevivência que desafia os limites do homem e da natureza. Em ambos, o diretor deixou claro: sua ambição artística não é vaidade, é pulsão.
Aos 62 anos, Iñárritu permanece um cineasta da intensidade. Seus filmes continuam a tensionar os limites entre forma e conteúdo, entre realismo e alucinação, entre dor e beleza. Ele não filma respostas, cria labirintos. E talvez por isso, seu cinema siga tão necessário: porque é nele que se escancaram as fragilidades do mundo e, ao mesmo tempo, se intui que a arte ainda pode ser resistência, ainda pode ser redenção.
Onde assistir a filmografia de Iñarritu:
Birdman - Netflix e Disney+
O Regresso - Disney+
21 Gramas e Babel - Aluguel na Prime Vídeo por R$ 6,90
Biutiful - Diamond Films (via Prime Vídeo)
Amores Brutos não está disponível no momento em nenhum streaming legal