Com apenas quatro episódios, Pssica transforma a Amazônia em palco de violência, mitologia e vingança, revelando uma Netflix disposta a explorar novos territórios do thriller brasileiro.
Sob a batuta de Quico Meirelles, com participação de Fernando Meirelles, Pssica exibe fluidez visual inspirada na tradição do thriller de ação brasileiro, fundindo crueza e beleza na ambientação amazônica. A fotografia valoriza as paisagens ribeirinhas, uma escolha que imprime atmosfera densa, quase mítica, à narrativa.
Roteiro e narrativa
Com apenas quatro episódios, assinados por Bráulio Mantovani, Fernando Garrido e Stephanie Degreas, a narrativa é compacta e intensa. A trama entrelaça as trajetórias de Janalice, Preá e Mariangel em torno de temas como abuso, tráfico humano, vingança e redenção.
Às vezes, a história peca pela excessiva estilização da violência, o que, em alguns momentos, dilui o impacto ao redor do sofrimento dos personagens.
Atuação
Domithila Cattete (Janalice) cumpre bem a difícil tarefa de personificar a vulnerabilidade inicial da personagem, ainda que seu desenvolvimento dramático seja por vezes limitado pela brevidade da série. Lucas Galvino (Preá) traz tensão ao confronto interno do líder criminoso, mas oscila entre momentos de intensidade e certa rigidez interpretativa. Marleyda Soto, como Mariangel, oferece presença poderosa ao transitar entre o luto, a vingança e a proteção, sendo um dos destaques do enredo.
Impacto cultural
A série causa estranhamento, no bom sentido, por retratar uma realidade pouco explorada, transformando a Amzônia em palco tanto de horror quanto de poeticidade visual. O uso do termo “pssica” como metáfora simbólica de maldição ancorou bem o peso cultural e geográfico da produção.
Em sua estreia, alcançou rapidamente o Top 1 da Netflix Brasil, deixando para trás sucessos globais como “Wandinha”
Embora seja visualmente impressionante e temática, a série se apoia em clichês narrativos: a violência, por vezes, soa grandiloquente, e a densidade emocional do thriller se enfraquece em alguns momentos. O ritmo acelerado dificulta o aprofundamento dos personagens, deixando histórias secundárias mal exploradas.
Nota final: ⭐⭐⭐ 8/10
Critério |
Avaliação |
Direção e estética |
8/10 |
Roteiro e narrativa |
7.5/10 |
Atuação |
7/10 |
Impacto cultural |
8/10 |
Originalidade estética |
7.5/10 |
Média final |
8/10 |
Pssica é um thriller audiovisual ambicioso que conquista pela ambientação e pela urgência temática. Ainda que sua execução narrativa careça de profundidade em alguns pontos, o saldo é positivo: trata-se de um importante passo para as séries brasileiras, tanto pela relevância dos temas abordados quanto pela ousadia estética empregada.