A anulação da condenação de Adriana Villela, determinada pela Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), recoloca em pauta um dos episódios criminais mais emblemáticos da história recente de Brasília: o chamado “Crime da 113 Sul”.
O caso, que já havia sido revisitado pela série documental disponível na Globoplay, volta a chamar atenção não apenas pelo impacto jurídico, mas também pela sua dimensão cultural e midiática. Em agosto de 2009, o brutal assassinato do ex-ministro do TSE José Guilherme Villela, de sua esposa Maria Villela e da empregada da família, Francisca Nascimento, gerou comoção nacional e ganhou contornos de mistério que atravessaram mais de uma década de investigações, julgamentos e recursos.
O julgamento no STJ
Por 3 votos a 2, os ministros decidiram que houve cerceamento da defesa, já que parte dos depoimentos colhidos pela polícia — considerados determinantes para a acusação — só foi apresentada durante o júri popular. O voto que definiu a maioria foi do ministro Sebastião Reis Júnior, seguido por Antônio Saldanha Palheiro e Otávio Toledo. Divergiram os ministros Rogério Schietti Cruz, relator do processo, e Og Fernandes, que defendiam a manutenção da condenação e a prisão imediata de Adriana.
Com isso, a pena de 61 anos e 3 meses de prisão definida em segunda instância deixa de ter validade, e o caso volta ao ponto inicial de julgamento, reacendendo discussões sobre lacunas do processo.
A força da narrativa documental
Mais do que um processo criminal, o “Crime da 113 Sul” se tornou parte do imaginário coletivo, materializado na série “O Caso da 113 Sul”, produzida pela Globoplay. A obra reconstrói a tragédia e acompanha as camadas de investigação, disputas judiciais e controvérsias em torno da figura de Adriana Villela, que sempre negou envolvimento nas mortes.
Assim, a decisão recente do STJ altera o rumo jurídico do caso e reabre a narrativa já consolidada na cultura popular, em que a realidade e representação se entrelaçam, trazendo novamente ao debate a tênue linha entre justiça, espetáculo midiático e memória coletiva.