Google Analystic
Invocação do Mal é um ritual de despedida sem revelação
O filme, dirigido por Michael Chaves, aposta na nostalgia dos anos 80 e na fidelidade dos protagonistas.
Por LockDJ
Publicado em 07/09/2025 11:28 • Atualizado 07/09/2025 11:39
Entretenimento
Vera Farmiga e Patrick Wilson sustentam a trama com performances sempre equilibradas (Foto: Divulgação)

Encerrar uma saga de terror é sempre um desafio: como concluir uma franquia que moldou o imaginário do gênero na última década sem se perder entre a reverência ao passado e a pressão de entregar algo novo? Invocação do Mal 4: O Último Ritual chega com essa promessa — o derradeiro encontro com Ed e Lorraine Warren — mas acaba se instalando em uma zona de conforto que tanto aquece os fãs quanto limita a força de sua despedida.

O longa, dirigido por Michael Chaves, aposta na nostalgia dos anos 80 e na fidelidade dos protagonistas. Vera Farmiga e Patrick Wilson, desde 2013, carregam nas costas a atmosfera de fé e assombro que transformou a franquia em referência. Aqui, eles novamente são a âncora emocional da narrativa. Só que a demora em colocá-los no centro da trama deixa o filme preso a um primeiro ato arrastado, mais preocupado em construir rituais e cenários do que em manter o pulso narrativo.


Há bons momentos visuais, ecos de terror clássico e o casamento da filha Judy como metáfora de legado, mas o conjunto se perde em sustos previsíveis, CGI excessivo e repetições de fórmulas já gastas. Falta a ousadia que James Wan trouxe nos dois primeiros filmes — aquela sensação de que o terror poderia ser tão psicológico quanto sobrenatural.


Comparado aos antecessores, O Último Ritual parece mais uma carta de despedida melancólica do que uma história que se sustenta por si. É sentimental, por vezes terno, e não deixa a marca que uma conclusão mais elaborada poderia causar. Enquanto Invocação do Mal (2013) redefiniu o gênero ao unir atmosfera opressiva e personagens carismáticos, e sua sequência de 2016 ainda expandiu esse universo com consistência, o capítulo final se limita a encerrar o ciclo de forma cordial, sem o impacto de uma revelação, mas se redimindo do problemático terceiro filme.


No futuro, a franquia provavelmente será lembrada não por este desfecho, mas pelo que significou para o cinema de terror no século XXI: a reinvenção do “filme de casa mal-assombrada”, a criação de um universo compartilhado e a consolidação de Ed e Lorraine Warren como ícones pop. O Último Ritual cumpre o papel de fechar as cortinas, mas não acrescenta uma nova página memorável ao livro.


Nota: 8/10 
— Uma despedida respeitosa, mas incapaz de provocar o mesmo arrepio dos primeiros encontros com o desconhecido.

   1. Panorama técnico do filme 4

 

  • Direção, roteiro e técnica

    Dirigido por Michael Chaves (retornando após O Demônio Convidou), com roteiro de Ian Goldberg, Richard Naing e David Leslie Johnson-McGoldrick. A cinematografia e produção ressaltam o visual anos 80, apoiados por uma trilha sonora nostálgica e estética bem cuidada.

  • Atuações

    Vera Farmiga e Patrick Wilson entregam composições sensíveis e sólidas, mantendo a química que embala a série desde o início. Mia Tomlinson, como Judy adulta, também se destaca por trazer uma presença emocional importante.

  • Narrativa e ritmo

    O filme demora bastante para introduzir Ed e Lorraine no cerne do conflito — somente após cerca de 80 minutos — resultando em um ritmo que muitos consideram lento e pouco dinâmico no primeiro ato.

  • Sustos e atmosfera

    Apresenta os tradicionais jump scares e visual perturbador de espelhos e cenários sombrios, mas é criticado pelo uso recorrente de clichês, CGI excessivo e falta de inventividade no terror. Alguns trechos são elogiados por atmosfera e tensão localizada, mas o conjunto peca por previsibilidade.

  • Elementos emocionais e fechamento da franquia

    Muitos apontam o filme como um encerramento sentimental — mesclando horror com ternura familiar e pedaladas dramáticas como o casamento de Judy e o legado dos Warren. Porém, faltou profundidade narrativa e inovação com a ausência criativa de James Wan (diretor dos primeiros filmes).

  • Recepção crítica e desempenho

    A crítica é mista: avaliações variam entre 2,5/4 estrelas (AP News), a 3 ou 3,5/5 (CinemaBlend, RogerEbert), até exageradas comparações com visual cinematográfico sólido (The Times: ★★★★☆). No agregado dos críticos, possui cerca de 57% de aprovação em Rotten Tomatoes.


    2. Comparação com os filmes anteriores da franquia

    The Conjuring (2013)

    O ponto alto da franquia — dirigdo por James Wan — marcou pelo suspense eficaz, uso do som e atmosfera, além da química dos protagonistas. Amplamente reconhecido como um dos melhores filmes de horror da década.

    The Conjuring 2 (2016)


    Se manteve no nível com boa crítica e bilheteria robusta (mais de US$ 320 milhões), aprofunda investigações reais e mantem tensão consistente.

    The Conjuring: The Devil Made Me Do It (2021)

    Apesar de performances fortes, foi recebido como uma das entradas mais fracas da série, com roteiro menos impactante (informação contextual de conhecimento da série, pois fontes específicas não estavam requisitadas).

    Spin-offs (Annabelle, The Nun, etc.)

    Franquias derivadas entregaram variação qualitativa: Annabelle: Creation foi bem recebida, The Nun foi um sucesso de bilheteria, ainda que criticamente controverso.


    3. Posicionamento no gênero e legado futuro

    • Impacto no gênero: A franquia The Conjuring revolucionou o horror moderno, ancorando um universo compartilhado de sucesso comparável ao MCU, com forte retorno financeiro e coesão temática.

    • Legado: Mesmo com este encerramento mediano, a saga será lembrada pelo renascimento do "terror clássico", focado em fé, posses demoníacas, ambientação e os investidores humanos (os casais Warren). No futuro, o papel definidor pode ser dividido entre o primeiro filme, o segundo e a ideia expansiva de universo que gerou.

    • O encerramento: Last Rites é visto tecnicamente competente, mas narrativamente seguro demais — seguro demais para brilhar como final. Serve mais como fechamento cordial do que como desfecho memorável.


    4. Nota final para “Invocação do Mal 4”

    Levando em conta técnica, narrativa, impacto emocional e contribuição para a franquia e o gênero, a nota para Invocação do Mal 4 é:

    8 de 10

    • Pontos fortes (✳ +): Atuações seguras e intensas dos protagonistas; fotografia e ambientação bem feitas; conclusão emocional afetiva para fãs da saga.

    • Pontos fracos (✳ –): Ritmo cansado no início; terror previsível e clichê; roteiro pouco inovador; ausência de energia e frescor comparado aos primeiros filmes.


    Em resumo, Invocação do Mal 4 fecha a saga com dignidade, mas sem o mesmo vigor e frescor dos momentos iniciais que definiram o legado. Ainda assim, será lembrado como a despedida de uma das franquias de terror mais influentes das últimas décadas — mesmo que esse último ato tenha sido um tanto tímido.

Comentários
Comentário enviado com sucesso!