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Christopher Reeve fez acreditar que um herói pode voar, e seguir adiante
A carreira do ator, que faria 73 anos nesta quinta, 25, jamais coube apenas na capa, e se destacou também em gradações dramáticas.
Por LockDJ
Publicado em 25/09/2025 11:29 • Atualizado 25/09/2025 11:30
Entretenimento
A obra de Christopher Reeve permanece como um raro elo entre cultura pop e ética pública (Foto: Reprodução)

Nesta quinta-feira, 25 de setembro, Christopher Reeve completaria 73 anos. O eterno Superman levou poesia aos céus do cinema e, após o trágico acidente, transformou dor em ativismo e esperança.


Reeve permanece vivo no imaginário da cultura pop. O homem que fez o mundo acreditar no poder de herói voar, e que a coragem também se revela fora das telas.


A trajetória


Nos anos 1970, quando a indústria ainda duvidava que super-heróis pudessem sustentar um cinema “sério”, Christopher Reeve apareceu como uma evidência luminosa. Em Superman (1978), sob direção de Richard Donner e ao som da trilha de John Williams, ele vestiu o emblema de Krypton e, com uma combinação rara de porte clássico, doçura e ironia contida, deu ao mito uma humanidade inédita.



“Você vai acreditar que um homem pode voar”, prometia o cartaz, e acreditamos porque Reeve fazia Clark Kent e Superman existirem como duas pessoas distintas: o jornalista desajeitado, de olhar baixo e sorriso tímido, e o ícone altivo, generoso, de espinha moral inflexível. O BAFTA de revelação pela estreia coroou um feito que atravessou quatro filmes e moldou, até hoje, o imaginário popular do herói.

A carreira, no entanto, jamais coube apenas na capa. Reeve buscou gradações dramáticas em obras como The Bostonians (1984), o tenso Armação Perigosa (1987) e o refinamento de Vestígios do Dia (1993). Em cada uma delas, exercitava um magnetismo discreto, menos explosivo que meticuloso, que encontraria terreno fértil na televisão com Janela Indiscreta (1998), releitura sensível do clássico de Hitchcock que lhe rendeu o Screen Actors Guild Award e uma indicação ao Globo de Ouro. Era um intérprete que não se contentava com o conforto do ícone, e perseguia complexidade.

O acidente equestre de 27 de maio de 1995 pareceu, num primeiro instante, um anticlímax cruel para uma trajetória ascendente. Tetraplégico, dependente de ventilação assistida, Reeve converteu a ferida em projeto público. A sua voz, clara, racional, firme, tornou-se instrumento de luta pela pesquisa com células-tronco e pela dignidade de pessoas com deficiência.

A Fundação Christopher Reeve e o Centro de Pesquisa Reeve-Irvine, além de gestos filantrópicos, foram a extensão de um ethos que o próprio Superman encarnava no cinema; a crença de que poder é responsabilidade, e de que esperança é um verbo de ação.

Reeve morreu em 10 de outubro de 2004, aos 52 anos, vítima de complicações de saúde. Mas a sua obra permanece como um raro elo entre cultura pop e ética pública. No cinema, redefiniu o arquétipo do herói com uma elegância que ainda orienta atores e diretores. Na vida, encarnou um outro tipo de coragem, a de transformar a tragédia em causa, a dor em plataforma, o limite em horizonte.


Se hoje as narrativas de super-heróis buscam humanidade e propósito, muito se deve ao homem que, antes de tudo, ensinou que voar não é apenas romper o céu, é manter a coluna ereta diante do impossível.


O documentário Super/Man: A História de Christopher Reeve, acompanha em detalhes a vida do ator como pai, ativista apaixonado pelos direitos das pessoas com deficiência, e o reconhecimento por uma obra que foi além da capa.

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