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Clássico dos anos 90, “Fogo Contra Fogo” terá sequência de Michael Mann
Sem Val Kilmer, com Leonardo DiCaprio cotado e duas linhas do tempo, o novo capítulo tenta expandir o universo do assalto mais tenso do cinema.
Por LockDJ
Publicado em 09/10/2025 06:00
Entretenimento
“Fogo Contra Fogo” depurou o thriller policial com disciplina formal (Foto: Divulgação)

Ponto de partida: o filme que ainda respira pólvora


Lançado em 1995, “Fogo Contra Fogo” não virou referência por acidente. Michael Mann depurou o thriller policial, com disciplina formal, realismo tático (a cena do tiroteio no centro de Los Angeles é manual de mise-en-scène) e uma ética de espelho entre caçador e presa.


Al Pacino
(Vincent Hanna) e Robert De Niro (Neil McCauley) encarnam profissionais em lados opostos que compartilham método, obsessão e custo emocional. A famosa conversa no restaurante cimenta o mito. Dois titãs, finalmente frente a frente, prometendo um duelo em que só a oportunidade, não a moral, decidirá.

        Al Pacino e Robert de Niro em cena clássica de Fogo Contra Fogo (Foto: Divulgação)


No entorno, Val Kilmer (Chris Shiherlis) é o barômetro humano da quadrilha. Um técnico brilhante com a vida pessoal em ruína. O filme arrecadou cerca de US$ 187 milhões com orçamento de US$ 60 milhões e consolidou Mann como arquiteto do crime urbano moderno.


Onde ver
: o longa de 1995 está na Netflix e na Disney+.


A ponte: o que a sequência quer contar


Mann desenvolve a continuação a partir do romance “Heat 2” (2022), que alterna duas linhas do tempo:

  • Pós-assalto: desdobramentos para Chris Shiherlis e Vincent Hanna após o confronto de 1995.

  • Prelúdio em Chicago (anos 1980): a formação da gangue de McCauley e a ascensão de Hanna.

    A produção, antes sonhada na Warner, ganhou novo fôlego com a United Artists (Amazon MGM Studios), que negocia financiamento e distribuição. A ideia é rodar no próximo ano. Sem Val Kilmer, que morreu em 2025 e já havia se afastado da atuação por questões de saúde, Leonardo DiCaprio é o nome cotado para viver Chris Shiherlis. A hipótese de Pacino e De Niro participarem não está descartada, mas deve se limitar a aparições especiais, já que o próprio Mann reconhece a dificuldade de “rejuvenescer” seus personagens sem efeitos que distorçam a proposta realista.


O que esperar: tom, temas e risco artístico

  • Continuidade de linguagem: ação coreografada com precisão, locações que respiram cidade e uma trilha sonora que opera no subtexto (Mann usa música como nervura dramática, não como tapume).

  • Personagem no centro: Shiherlis deve ganhar espessura trágica. O operador perfeito confrontado com os destroços da própria vida. É papel para estrela e DiCaprio tem lastro para o equilíbrio entre técnica e culpa.

  • Polícia x crime como espelho: a sequência deve reafirmar o profissionalismo como credo (o “não se apegar a nada que você não possa largar em 30 segundos”), mas filtrado por um mundo mais vigiado e digital. Um contraponto atual ao realismo analógico de 1995.

  • Sem nostalgia fácil: a força de “Fogo Contra Fogo” não estava no fan service, e sim no rigor. O novo filme só se justifica se ampliar o mundo, não se repetir. O livro dá mapa. O cinema de Mann, se fiel à própria gramática, dá pulso.

Em uma frase: a sequência promete menos revival e mais expansão dramática. Um estudo de personagens que atravessa passado e futuro, com chance real de entregar a rara continuação que honra o original sem virar sua caricatura. Enquanto isso, vale (re)ver o clássico na Netflix e na Disney+.

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