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Música da noite: o desalinho afinado como contradição amorosa em miniatura
“Fidelity”, de Regina Spektor, transita entre o pop de câmara e a faísca indie.
Por LockDJ
Publicado em 09/10/2025 18:24 • Atualizado 09/10/2025 18:24
Música
Regina faz do refrão um estalo emocional, com medo de quebrar versus desejo de sentir (Foto: Reprodução)

“Fidelity” (2006) chega como carta dobrada. Piano que pulsa, batidas secas, cordas em suspensão e uma voz que parece testar o chão antes de pisar. A produção de Begin to Hope veste a canção com verniz pop, mas o coração é de quarto pequeno, onde cada pausa vira respiração e cada sílaba surge tipo uma contradição amorosa em miniatura.

Regina faz do refrão um estalo emocional, com medo de quebrar versus desejo de sentir, guardanapo dobrado em origami e depois desfeito. É pop de câmara, com arestas, percussões quase caseiras, staccatos brincalhões e aquela sensação de filme mudo colorido à mão. O drama vêm sem grito, mas com ironia melódica.

O segredo é a coreografia dos detalhes. A voz que racha e volta, o piano que ri de canto, as cordas que chegam como luz entrando pela fresta. “Fidelity” funciona porque aceita o conflito e dança com ele. Um hit que faz do tropeço uma estética e do cuidado uma revolução íntima.

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