Régine Chassagne conduz  “Sprawl II" como quem acende postes numa rua sem fim. Sintetizadores brilham, a batida puxa o corpo, e o refrão vira uma rebelião íntima contra a repetição dos quarteirões. É pop cintilante com nervo político, festivo o bastante para a pista, inquieto o suficiente para cutucar a consciência.

O “sprawl” aqui não é só geografia, é estado de espírito. Entre supermercados 24h e luzes de néon, o eu lírico ensaia uma dança que rasga o mapa da conformidade. A produção brinca de colagem, com cordas vaporosas, baixo elástico, percussão que pulsa como farol. Um glamour gasto que insiste em ser esperança.

No fim, a música pratica um rito pagão de libertação. Girar até ficar tonto, cantar mais alto que o ruído da cidade, transformar cansaço em claridade. “Sprawl II” é menos uma fuga e mais um feitiço pop, um lembrete de que às vezes o caminho para fora é dançar exatamente no centro do labirinto.