No calendário do rock, 12 de outubro de 1981 marcou a chegada de October, o segundo álbum do U2. Trata-se de um disco de transição, cru e luminoso, onde o pós-punk encontra espiritualidade sem catecismo. É o som de uma banda ainda tateando a própria fé e urgência, transformando dúvida em combustível.

Há piano de The Edge abrindo “Gloria”, brisa melancólica na faixa-título, e feridas abertas em “Tomorrow”. Entre “I Fall Down” e “Rejoice”, o U2 aprende a respirar entre a pressa e a oração, preparando o terreno para o soco fechado que viria em War. É uma beleza inacabada, e justamente por isso, viva.

Para este fim de domingo, coloque October sem pressa. Rua vazia, luz amarela, volume médio. Deixe o disco atravessar o silêncio de quem já viveu a semana e precisa de um pouco de claridade imperfeita antes da próxima.