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Nicole Kidman revela bastidores de um clássico, e como Kubrick a deixou sem respostas
Depoimento reconecta obra de 1999 ao recente “Babygirl” e revisita a parceria com Tom Cruise, seu ex-marido.
Por LockDJ
Publicado em 13/10/2025 10:42 • Atualizado 13/10/2025 10:42
Entretenimento
Nicole Kidman e Tom Cruise protagonizaram "De Olhos Bem Fechados" (Foto: Divulgação)

Nicole Kidman voltou a abrir o baú de “De Olhos Bem Fechados” (1999) e admitiu que, no set, não compreendia totalmente o que Stanley Kubrick pretendia. Ao perguntar ao diretor “o que o filme representava”, ouviu a resposta seca: “Nunca me pergunte isso!”.


O longa, um drama psicológico erótico estrelado por Kidman e por seu então marido, Tom Cruise, acompanha um casal às voltas com desejo, ciúme e infidelidade. Kubrick dirigiu, produziu e coescreveu a obra, finalizada pouco antes de sua morte, seis meses antes da estreia.

Em conversa com a Vogue, a atriz traçou uma ponte entre “De Olhos Bem Fechados” e “Babygirl” (2024) para falar do arco de sua carreira: “Um termina com a palavra ‘f****’ e o outro finaliza com a ação propriamente dita, e aí está minha trajetória”, brincou.

Kidman também retomou lembranças compartilhadas ao The New York Times em 2020: as filmagens se estenderam por dois anos, período em que ela e Cruise viveram com os filhos em um trailer dentro do estúdio. “Fazíamos espaguete porque Stanley às vezes jantava conosco. Estávamos com um dos maiores cineastas, aprendendo e aproveitando a vida no set”, disse.


Sobre o relacionamento, afirmou que os dois estavam felizes no casamento durante as gravações e que a rotina incluía até corridas de kart de madrugada para descompressão. “Talvez eu não tenha a capacidade, ou a disposição, de olhar para trás e dissecar isso”, ponderou.

Com o distanciamento, a atriz reconhece que Kubrick pode ter ‘explorado’ seu casamento com Cruise, que terminaria em 2001, para dar substância ao casal do filme. Curioso e metódico, o diretor fazia perguntas sem fim, mas tinha “compreensão sólida” da história que queria contar, ainda que se recusasse a explicá-la.


Onde ver:
“De Olhos Bem Fechados” está disponível na HBO Max.


Por que “De Olhos Bem Fechados” ainda nos hipnotiza

  • Ambiguidade como método

    Kubrick evita respostas diretas, inclusive para sua protagonista, para manter a obra em suspensão entre sonho e vigília. A recusa em “explicar” o filme desloca o espectador para a zona do desconforto, onde desejo, culpa e fantasia se misturam.

  • Casal real, fricção ficcional

    O casting de Kidman e Cruise potencializa a dramaturgia: a imagem pública de “perfeição” contrasta com fissuras privadas. Essa duplicidade torna mais cruas as cenas de confissão, ciúme e tentação.

  • Erotismo ritualizado

    O filme trata o sexo menos como catarse e mais como ritual de poder, tipo um código de classe, segredo e controle. A tão comentada sequência mascarada é menos “escândalo” e mais arquitetura de dominação.

  • Cidade-labirinto e atmosfera

    Ruas noturnas, interiores azulados e composições simétricas criam um labirinto emocional. A repetição de motivos visuais e o andamento hipnótico da narrativa contaminam a percepção do protagonista, e a do espectador.

  • Tempo que lapida

    Mal compreendido no lançamento, o filme ganhou fôlego crítico com o passar dos anos. Hoje, soa como testamento tardio de Kubrick sobre o enigma do desejo e a fragilidade dos pactos conjugais.

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