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Música da noite: Bigmouth Strikes Again é arsênico pop na vitrola
A língua afiada de Morrissey, o brilho cortante de Johnny Marr e um santo Walkman em chamas.
Por LockDJ
Publicado em 13/10/2025 19:59 • Atualizado 13/10/2025 20:00
Música
Morrissey, maestro do exagero, transforma a língua solta num crime capital (Foto: Divulgação)

Guitarras em lâminas, bateria trovejando por trás e um refrão que morde. “Bigmouth Strikes Again” (1986) é The Smiths no auge da crueldade elegante, pop cintilante envenenado por sarcasmo. Johnny Marr acende o riff como fósforo em filme preto-e-branco, e tudo corre com urgência, como se Manchester estivesse fugindo da própria sombra.

Morrissey, maestro do exagero, transforma a língua solta num crime capital. Entre hipérboles e venenos, a imagem mais impagável: Joana d’Arc de walkman e aparelho auditivo, sagrada e pop ao mesmo tempo. O martírio remixado em fita cassete. A voz “feminina” acelerada (a persona Ann Coates) soa como fantasma portátil, debochando dos limites de quem fala demais.

É hino para os culpados de sinceridade imprudente: dançável, ferino, chiclete e lâmina. Quando o refrão estoura, a faixa lembra que o pop pode ser tribunal, e o veredito chega em três minutos. A sentença é balançar a cabeça enquanto se ri de si mesmo.

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