“Perfect” é o eco suave do adeus dos anos 90, quando a ressaca sentimental do Mellon Collie encontra um abrigo eletrônico. Billy Corgan parece cantar de dentro de uma lembrança digital, onde tudo ainda pulsa, mas já perdeu o calor do toque. É o amor traduzido em sintetizador, com uma doçura quase anestesiada, o tipo de melancolia que brilha sob neon.

O videoclipe, continuação direta de “1979”, amplia essa sensação de tempo suspenso. Os mesmos rostos, a mesma juventude, mas agora sem o aquele brilho nos olhos. O filme da vida seguiu, mas em VHS. Perfect soa como a tentativa de gravar de novo o que o tempo já regravou por cima.

Entre o pop etéreo e a dor discreta, a faixa se torna uma cápsula emocional dos Smashing Pumpkins: vulnerável, urbana e elegante em sua própria ruína. Um retrato perfeito da imperfeição, como quem diz “foi real, mas acabou, e tudo bem”.