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HBO confirma 3ª temporada de Euphoria, com o coração em ajuste fino
Produção transitará da escola ao mundo real, com novos rostos, arcos mais maduros e um vazio a ser encarado sem espetáculo.
Por LockDJ
Publicado em 17/10/2025 14:46 • Atualizado 17/10/2025 15:06
Entretenimento
Após hiato e luto, a série mira vida adulta e consequências, com reforço de elenco e ambição cinematográfica (Foto: Divulgação)

A HBO confirmou um pacote robusto de novidades para a 3ª temporada de Euphoria. Além do elenco principal (Zendaya, Hunter Schafer, Jacob Elordi, Sydney Sweeney, Eric Dane, Maude Apatow, Alexa Demie, entre outros), a série receberá 18 novas adições, com nomes como Natasha Lyonne, Eli Roth, Danielle Deadwyler, Sam Trammell e Trisha Paytas. A estreia está prevista para a primavera (Hemisfério Norte) de 2026, após o hiato prolongado por greves em 2023 e ajustes de produção. 

A HBO já havia reiterado, em 2024, que a série não foi cancelada, apenas adiada, liberando o elenco para outros projetos enquanto Sam Levinson reformatava o novo ciclo. O atraso também foi atravessado pela morte de Angus Cloud (Fezco), ocorrida em julho de 2023, um baque criativo e emocional para a produção.

Para elevar ainda mais a ambição estética, a 3ª temporada terá trilha sonora de Hans Zimmer em parceria com Labrinth, compositor que ajudou a definir a identidade sonora da série nos dois primeiros anos. É uma combinação de peso que aponta para um upgrade cinematográfico. 


Temporada 1 (2019): vício, identidade e a gramática visual de um fenômeno


O primeiro ano apresentou a narração íntima de Rue e um mosaico de personagens que lidam com dependência, ansiedade, identidade de gênero, masculinidades tóxicas e sexualidade. Tudo embalado por uma direção estilizada, montagem elástica e música onipresente.


A recepção crítica foi majoritariamente positiva, com destaque absoluto para Zendaya (cuja performance rendeu Emmys históricos em 2020/2022) e para o arrojo visual da série.


Dois especiais entre 2020 e 2021 (Rue e Jules) consolidaram a maturidade dramática do projeto: menos pirotecnia, mais franqueza emocional, aprofundando o vínculo (e as fraturas) Rue–Jules. Esses capítulos funcionaram como um laboratório de linguagem para a série, com câmera contida, diálogos longos, e foco em consequências.

Temporada 2 (2022): excesso como método — e suas rachaduras


O 2º ano radicalizou a estética (luz, grão, travellings hipnóticos) e empurrou personagens ao limite. O saldo dividiu a crítica: elogios ao elenco e ao vigor visual. Ressalvas a ritmo, coerência de arcos e “gratuidade” em alguns choques. Ainda assim, a temporada ampliou a base de público e consolidou Euphoria como um dos maiores hits recentes da HBO. 

Narrativamente, ficaram marcas profundas, como a espiral de Rue (recaída, fuga, tentativa de reerguimento), o triângulo explosivo Cassie–Nate–Maddy e o destino amargo de Fezco/Ashtray. Esse final deixou arestas dramáticas que a 3ª temporada inevitavelmente terá de endereçar, agora sem Angus Cloud, o que exigirá uma reescrita cuidadosa de consequências e ausência.


        Falecido em 2023, Angus Cloud viveu Fezco em Euphoria (Foto: Divulgação)

 

O que esperar da 3ª temporada

1) Salto de escopo e tom mais “noir”

A combinação Levinson + Zimmer + Labrinth sugere uma trilha de tensão atmosférica e motivos temáticos mais sombrios. Em 2024, já se falava em um viés “film noir” para a nova fase de Rue, com uma investigação moral sobre princípios individuais em um mundo corroído. Se esse norte se mantiver, espere menos “escola” e mais vida adulta: escolhas de trabalho, dinheiro, poder e as tentações (e culpas) que vêm junto.


2) Recalibrar o coração Rue–Jules

Os especiais mostraram que a série rende quando desacelera e encara o não dito entre as duas. A 3ª temporada tem chance de resgatar essa intimidade com outra maturidade (time jump e cicatrizes à vista), articulando recaídas e remissões de Rue sem romantizar a dependência.

3) Cassie, Maddy e Nate: após o colapso, o quê?

O vexame público de Cassie e a dinâmica tóxica com Nate devem cobrar um preço real na autoestima, no círculo social e na família. Maddy, por sua vez, tende a sair do papel de contraponto para buscar horizontes próprios. É terreno fértil para mergulhos de personagem (menos shock value, mais consequência).


                                 Maddy e Nate em cena de Euphoria (Foto: Divulgação)


4) O vazio Fezco


Sem Angus Cloud, o roteiro precisará dar contorno ao rastro que Fezco deixou: afetos, dívidas, medos e a memória de alguém que, apesar do crime, oferecia um refúgio moral para Rue. Tratar essa ausência com sobriedade, sem exploração, será central para a credibilidade emocional da temporada.


5) Novos rostos, novas fricções


A leva de 18 novos nomes pode funcionar como arejamento de temas (economia da atenção, fandoms, masculinidades midiáticas, cultura creator), além de abrir portas para subtramas que tirem a série do enredo “sala de aula–festa”. A presença de Natasha Lyonne e Danielle Deadwyler indica personagens com peso dramático; Trisha Paytas e Eli Roth sugerem um diálogo pop com internet e horror.


Em síntese


Euphoria
volta maior, mais cara e com um set musical inédito (Zimmer + Labrinth), buscando reencaixar coração e forma após um 2º ano tão intenso quanto irregular. Se a série apostar menos no choque episódico e mais no afeto difícil entre personagens, tem tudo para entregar o capítulo mais adulto e, paradoxalmente, o mais dolorosamente honesto da trajetória de Rue.

Estreia prevista: primavera (Hemisfério Norte) de 2026 na HBO/MAX. As duas primeiras temporadas estão disponíveis para assinantes da plataforma. 

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