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Música da noite: o caos, o ritmo e a mística de "Filhos da Precisão"
Entre a urbanidade e o transe, a canção renasce nas camadas de poesia que atravessam gerações e ressurgem na voz ritual de Rita Benneditto.
Por LockDJ
Publicado em 21/10/2025 18:22 • Atualizado 21/10/2025 18:22
Música
Dibel canta um desabafo poético, enquanto Rita tansforma em ritual (Foto: Divulgação)

“Filhos da Precisão” é uma pulsação. Erasmo Dibel entrega um trabalho que desafia o ouvido comum, um convite à escuta que ultrapassa o conforto melódico para mergulhar no terreno da palavra viva, carregada de metáforas, de fúria e fé. O som é cru, denso, quase litúrgico. Uma colagem de batuques ancestrais e sintetizadores urbanos, com a precisão do título se dissolvendo em caos calculado.

O cover de Rita Benneditto amplifica essa força. Sua voz, com timbre telúrico e místico, transforma “Filhos da Precisão” em uma espécie de reza contemporânea, um canto de resistência e ancestralidade.


O que em Dibel soa como desabafo poético, em Rita se torna ritual. Cada verso ganha corpo, suor e oferenda. É o Maranhão cantando para dentro de si mesmo, entre becos e altares.

Há em “Filhos da Precisão” um espírito de atravessamento. É música que não pede aplauso, mas presença. Dibel cria uma cartografia sonora, e a precisão é apenas o ponto de partida. O que importa é o erro humano, o tropeço sagrado, o eco das vozes que não se calam. E quando Rita Benneditto devolve essa obra ao mundo, o ciclo se completa: o filho da precisão retorna à mãe da invenção.

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