“Mas renova-se a esperança. Nova aurora a cada dia, e há que se cuidar do broto, pra que a vida nos dê flor. Flor e fruto.” A canção que Milton Nascimento compôs com Wagner Tiso, em plena ressaca da ditadura, continua ecoando como um hino da esperança e da ternura política. Coração de Estudante vai além da melodia sobre juventude. É um lembrete de que o Brasil precisa se reinventar todos os dias, com a mesma fé de quem acredita que a música pode ser uma forma de respirar.

Aos 83 anos, Milton celebra a própria travessia como quem revisita um rio calmo, mas profundo. Sua voz, tantas vezes descrita como sagrada, andrógina, montanhosa, segue como abrigo e bússola para gerações que aprenderam com ele a misturar dor, sonho e beleza em uma mesma nota.


E enquanto há um coração de estudante batendo em algum canto do país, há também um pouco de Bituca, sussurrando que o tempo é só mais um acorde.