O dia 30 de outubro parece carregar uma energia própria no universo do rock. Um fio invisível que costura criação, escândalo, tragédia e consagração.
Em diferentes décadas, essa data marcou momentos que resumem a alma contraditória do gênero: o brilho criativo e a fúria autodestrutiva, o protesto e a poesia, a glória e o caos.
Em 1971, John Lennon chegava ao topo das paradas americanas com “Imagine”, hino eterno de utopia e esperança.
Enquanto Lennon pregava a paz, a geração seguinte de artistas aprenderia que o rock também se alimenta do conflito, e que o sonho pode se tornar grito. Em 1970, Jim Morrison, vocalista dos Doors, recebia a sentença de seis meses de prisão por “exposição indecente” em um show na Flórida, numa época em que o rock ainda assustava o establishment com sua liberdade.
Três anos antes, em 1967, Brian Jones, dos Rolling Stones, enfrentava a Justiça britânica por posse de drogas. Um prenúncio trágico de sua queda e de uma era que flertava perigosamente com o abismo.
Nos anos 1980 e 1990, o rock se reinventava. Em 1988, o Metallica lançava “Eye of the Beholder”, um grito contra a censura e a hipocrisia, em plena era de conservadorismo americano.
Já em 1995, o Rock and Roll Hall of Fame consagrava David Bowie, Pink Floyd e Jefferson Airplane, eternizando artistas que desafiaram rótulos e redefiniram o som e a estética do século.
E no virada do milênio, o U2 voltava às origens com “All That You Can’t Leave Behind” (2000), um álbum que reconciliava o espírito de banda de arena com a vulnerabilidade emocional. Um recomeço espiritual em meio à era digital.
Sete anos depois, a brutal morte de Linda Stein, empresária dos Ramones, lembrava que, por trás da fúria sonora, o mundo do rock também é feito de tragédias humanas.
Entre prisões e canções, rebeldia e redenção, o 30 de outubro é um espelho do próprio rock: um terreno de contrastes onde a arte e o caos dançam lado a lado, e continuam, geração após geração, fazendo o mundo ouvir.