“New Light”, de John Mayer, é aquele tipo de faixa que não precisa se levar tão a sério para contagiar. Lançada em 2018, soa como um desvio proposital na discografia do artista. É tipo um passeio noturno pelas ruas do pop retrô, com luzes de néon refletindo na vitrine de um amor que não deu certo.

Mayer brinca com sua própria imagem, especialmente no videoclipe caseiro, no qual dança de forma desajeitada diante de um chroma key barato, como quem ri de si mesmo antes que o mundo o faça.

Mas o que parece leve carrega uma pontada de solidão. A letra traduz o desejo de ser visto sob “uma nova luz”, metáfora de redenção emocional e recomeço pessoal. O arranjo é polido, o groove é quase indolente, e tudo ali parece feito para soar espontâneo, como uma conversa de madrugada que se transforma em canção.

No fim, “New Light” é menos sobre redenção e mais sobre aceitação: de que o charme do erro e da imperfeição também faz parte do que somos. Mayer entrega um hit involuntário para quem já tropeçou tentando recomeçar, e soube rir disso depois.