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O voo e o retorno de Amy Belle, a voz do dueto histórico com Rod Stewart
Escocesa, que saiu das ruas de Glasgow, cantou um clássico com mais de 1 bilhão de visualizações no Youtube.
Por LockDJ
Publicado em 01/11/2025 06:00
Música
Rod Stewart e Amy Belle fizeram um dueto inesquecível no Royal Albert Hall (Foto: Reprodução)

Em 2004, a vida de Amy Belle virou do avesso: duas semanas separam a cantora que fazia busking em Glasgow da artista ovacionada por mais de 5 mil pessoas no Royal Albert Hall, em dueto com Rod Stewart em “I Don’t Want to Talk About It”.


O vídeo, publicado no canal do astro, superou 1,2 bilhão de visualizações e virou cartão-postal de uma carreira que, depois de idas e vindas, reencontrou o palco — agora em pubs, clubes e turnês enxutas pela Europa.

A chance que parecia improvável


Filha da cena de rua, Amy trocou a escola pelo violão do pai ainda adolescente. Em Londres, integrou a banda The Alice (álbum The Love Junk Store, 2002), mas o projeto não vingou. A virada veio quando o dono de sua gravadora, amigo de Stewart, lembrou ao cantor suas origens como artista de rua e apresentou Amy. O convite chegou por telefone: algumas perguntas sobre futebol (Celtic x Rangers), um ensaio único nos estúdios Abbey Road e… palco.

A noite que entrou para a história


No Royal Albert Hall, Amy tinha 23 anos, saltos altos instáveis, teleprompter tentador e a missão de abraçar o ídolo em cena. O nervosismo virou estética: a vulnerabilidade dela encontrou a rouquidão melódica de Stewart, a orquestra elevou o clima e a plateia ficou de pé. “Foi muito especial”, recorda. O clipe, anos depois, explodiria na internet e se tornaria o mais visto da carreira do britânico.


Depois do furacão


A exposição rendeu sessões de composição em Los Angeles (com o produtor John Shanks) e novo contrato, mas Amy diz não ter “cabido nas caixas” das grandes gravadoras. Voltou ao Reino Unido, formou dupla independente, abriu shows (de Robert Plant a Sixto Rodríguez) e, quando o projeto terminou, guardou o violão e trabalhou em outro setor.


O reencontro com o palco


A reconciliação com a música veio num microfone aberto num pub dos subúrbios de Londres. Seguiram-se convites para tocar localmente, pequenas turnês por Holanda, Alemanha e Noruega, um calendário compatível com a vida de mãe de dois. “Posso ficar em casa com meus filhos e, uma vez por mês, sair para cantar. É maravilhoso”, diz.

Rever a própria lenda


Ver o vídeo hoje é, para ela, assistir a outra pessoa: “Eu era uma menina assustada. Agora sou uma mulher de 40 e poucos anos”. Ao mesmo tempo, Amy reconhece que o impacto daquela noite nasceu justamente do que faltava: “Se eu fosse mais confiante, talvez não tivesse causado o mesmo efeito”.


Por que a história ainda faz sentido


O dueto cristaliza um encontro raro entre espontaneidade e consagração. Ninguém atropela ninguém. O olhar do astro acolhe a estreia da novata, e a emoção passa sem truques. É a velha magia do ao vivo, quando o risco, a imperfeição e a entrega criam um momento que não se repete, mas que segue reverberando, bilhões de plays depois.

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