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O caos conjugal renasce com Os Roses: Até que a Morte os Separe
Novo remake atualiza temas e intensifica o humor ácido, tentando alcançar a sofisticação trágica e a química explosiva do filme original.
Por Redação Rádio VB
Publicado em 22/11/2025 17:12 • Atualizado 22/11/2025 17:12
Entretenimento
Olivia Colman e Benedict Cumberbatch sustentam o filme com sólidas atuações (Foto: Divulgação)

Os Roses: Até Que a Morte os Separe” tenta fazer o que poucos remakes ousam: revisitar um clássico que mistura humor ácido, guerra doméstica e crítica à instituição do casamento — no caso, o emblemático “A Guerra dos Roses” (1989), dirigido por Danny DeVito. A nova versão aposta em um olhar contemporâneo para as batalhas conjugais, mas inevitavelmente enfrenta a sombra longa e afiada do filme original.


Comparação com o clássico: elegância caótica versus brutalidade moderna


O longa de 1989 é lembrado pela mistura quase perfeita de humor negro, performance visceral e uma direção que abraçava o absurdo sem abandonar o comentário social. Michael Douglas e Kathleen Turner criaram um casal tóxico tão carismático que até suas brigas violentas pareciam coreografadas com precisão cirúrgica. Danny DeVito, narrando e observando tudo como advogado e amigo, elevava a tragédia à comédia de costumes.

A nova versão tenta atualizar esse conflito, trazendo discussões modernas sobre individualidade, autoimagem, carreiras e burnout emocional, mas nem sempre encontra o equilíbrio entre sátira e sensibilidade. Falta, por vezes, o tom tragicômico que tornava o original tão devastador quanto divertido.

Não é que o remake não funcione, pois acerta em diversos aspectos, mas raramente atinge a finura narrativa e estética do original. E isso nem se torna um problema pontual, visto que o filme de Jay Roach se esforça bastante para ter vida própria, embora tropece em ritmo um ritmo cadenciado e perigoso.

Atuações sólidas


O novo elenco assume papéis difíceis. Recriar a química caótica do par de 1989 é praticamente impossível, e o filme parece consciente disso. As atuações de Olivia Colman e Benedict Cumberbatch são fimes, especialmente nas sequências mais tensas, e o casal protagonista consegue expressar a deterioração emocional com honestidade. Ainda assim, a ausência de um magnetismo tão arrebatador quanto o duo Douglas/Turner impede que o remake alcance a mesma profundidade dramática.

 

O roteiro tenta compensar com humor mais direto e situações mais escancaradamente absurdas, às vezes com efeito, às vezes exagerando.


Direção, ritmo e acertos

Os melhores momentos do novo filme estão quando ele abraça a crítica social contemporânea:

  • a romantização tóxica do “casal perfeito”;

  • as pressões estéticas e profissionais;

  • o culto ao sucesso individual;

  • e a forma como pequenas fraturas emocionais se acumulam até explodir.

O filme é mais colorido, mais barulhento e mais carregado de estímulos que o original (um reflexo da época, talvez), mas perde sutileza. O humor negro está lá, mas mais teatralizado, menos ácido.

O que falta e o que sobra

O que falta:

  • uma construção mais orgânica da deterioração do relacionamento;

  • a precisão cirúrgica do humor;

  • a direção mais fria e objetiva que tornava o original incômodo (no bom sentido).


O que sobra:

  • energia;

  • estética pop;

  • diálogos afiados;

  • boas ideias temáticas.


Nada impede que o longa seja divertido, relevante e competente. Ele simplesmente convive com a inevitável comparação com uma obra que, até hoje, é referência em humor ácido sobre casamento.


Veredito

⭐ Nota: 7,5 de 10


Os Roses: Até Que a Morte os Separe” é um bom filme, com estilo próprio e ambição estética, mas não possui a mesma genialidade amarga do original. Para novos espectadores, funciona como uma comédia de caos emocional com ótimos momentos. Para quem conhece o clássico, pode parecer um retrato mais ruidoso e menos elegante da mesma destruição conjugal.

Ainda assim, vale assistir, nem que seja para revisitar uma história que, independentemente da versão, continua sendo uma dissecação afiada das ilusões do amor romântico.


Os filmes, o original e o remake, estão disponíveis para assinantes da plataforma Disney+. 

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