A Netflix anunciou nesta sexta-feira (5) um acordo monumental: a compra dos estúdios de cinema e TV e da divisão de streaming da Warner Bros. Discovery por US$ 72 bilhões — o equivalente a R$ 382 bilhões. Caso o negócio seja aprovado pelos órgãos reguladores dos Estados Unidos, a gigante do streaming passará a controlar um dos catálogos mais valiosos e tradicionais de Hollywood.
O acordo abrange a operação cinematográfica e televisiva da Warner Bros., incluindo franquias e produções de enorme alcance global como “Harry Potter”, “Game of Thrones”, “The Big Bang Theory”, “The Sopranos”, “O Mágico de Oz” e todo o Universo DC. A plataforma HBO Max também integra o pacote. Canais tradicionais da empresa, como CNN e TNT, ficam de fora da transação.
Segundo comunicado, a conclusão da compra deve ocorrer após a separação societária entre a Warner Bros. e a Discovery Global, prevista para o terceiro trimestre de 2026.
O maior salto estratégico da história da Netflix
Caso confirmada, a aquisição elevará o valor total da operação para US$ 82,7 bilhões, somando dívidas da Warner Bros. Discovery ao montante de US$ 72 bilhões destinado diretamente aos acionistas — valor que a Netflix está efetivamente desembolsando.
Para Ted Sarandos, co-CEO da Netflix, a fusão representa uma nova era para o setor:
“Juntos, podemos oferecer ao público mais daquilo que ele ama e ajudar a definir o próximo século da narrativa.”
David Zaslav, CEO da Warner Bros. Discovery, celebrou a união entre as duas empresas:
“O anúncio de hoje une duas das maiores contadoras de histórias do mundo para levar a ainda mais pessoas o entretenimento que elas mais amam.”
Por que a Netflix venceu a disputa
A Warner Bros. Discovery havia recebido novas propostas nesta semana, em um processo competitivo que incluiu Paramount/Skydance e Comcast. A oferta vencedora chamou atenção por dois fatores:
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Compromisso com o cinema: a Netflix prometeu continuar lançando filmes da Warner nos cinemas, sinalizando uma guinada importante para uma empresa historicamente focada no streaming.
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Pagamento majoritariamente em dinheiro, algo decisivo para os acionistas.
Outra vantagem estratégica é a possibilidade de reduções de custos ao integrar os catálogos da HBO Max e da Netflix, segundo a Reuters. A fusão também diminuiria a dependência da Netflix de estúdios externos e reforçaria sua expansão para áreas como games, eventos ao vivo e novos produtos de entretenimento.
Resistência e preocupações no setor
A aprovação do acordo nos EUA não será simples. Um grupo de produtores de cinema enviou uma carta ao Congresso americano expressando “sérias preocupações” com a compra.
A mensagem afirma que a Netflix não tem incentivos para fortalecer a exibição cinematográfica, podendo prejudicar ainda mais as salas de cinema tradicionais.
“Eles têm todos os incentivos para acabar com ela”, diz um trecho.
Analistas de mercado também demonstram cautela. A especialista do IG Group destacou que a operação pode não ser suficiente para impulsionar novas altas das ações da Netflix:
“Há grande sobreposição entre os assinantes da Netflix e os da HBO Max, então os efeitos imediatos são incertos. Além disso, a concorrência e o possível veto da Casa Branca representam desafios significativos.”
Mesmo assim, o movimento marca um dos momentos mais ousados da história recente da indústria do entretenimento — um passo capaz de redefinir o futuro do streaming, da televisão e da experiência cinematográfica.