Poucos rituais contemporâneos reúnem tanta tradição, segredo e simbolismo quanto um Conclave. A escolha de um novo papa não é apenas um evento religioso — é também uma disputa política, uma jornada espiritual e uma engrenagem silenciosa do poder.
Em tempos em que esse tema volta ao centro das atenções, o cinema e a televisão oferecem obras que mergulham com intensidade — e por vezes ironia — nos bastidores da Igreja. A seguir, uma seleção para refletir, questionar e, claro, maratonar.
1. Dois Papas (Netflix) – Dir. Fernando Meirelles

Baseado em eventos reais, o filme narra os diálogos entre o então Papa Bento XVI (Anthony Hopkins) e o cardeal Jorge Bergoglio (Jonathan Pryce), futuro Papa Francisco.
Sem precisar mostrar um Conclave diretamente, o longa revela as tensões ideológicas dentro da Igreja e propõe um embate humano e teológico entre tradição e renovação. Meirelles evita os clichês e transforma o que poderia ser um embate doutrinário em um drama introspectivo e comovente.
2. O Conclave (Prime Vídeo)

Após a morte repentina do Sumo Pontífice, o Cardeal Lawrence é encarregado de escolher o novo Papa. Com os líderes da Igreja Católica reunidos no Vaticano, ele precisará enfrentar segredos e conspirações que podem abalar os alicerces da Igreja.
No elenco, nomes como Ralph Fiennes, Jacek Koman, Lucian Msamati, Stanley Tucci, John Lithgow, Bruno Novelli
3. The New Pope / The Young Pope (2016–2020) – Dir. Paolo Sorrentino

Nesta minissérie, o Conclave é apenas o ponto de partida. O que se segue é um mergulho estilizado, provocativo e quase surreal na máquina do Vaticano.
Jude Law interpreta Lenny Belardo, o fictício Pio XIII, um papa jovem, enigmático e conservador. Já John Malkovich assume o trono na sequência, The New Pope. Com estética barroca, trilha sonora inesperada e diálogos cortantes, a série mistura fé e vaidade em doses iguais.
Apesar de não estar no catálogo de nenhuma plataforma de streaming, atualmente, a produção é constantemente inserida na grade de programação do Telecine.
4. O Código Da Vinci (2006) – Dir. Ron Howard

Embora centrado em um thriller envolvendo simbologia e arte, o filme oferece vislumbres do poder vaticano em tempos de crise. A ficção sobre o Priorado de Sião, a linhagem de Cristo e conspirações eclesiásticas ajuda a compor o imaginário sobre os segredos que cercam os corredores de Roma — mesmo que com muitas liberdades criativas.
5. Habemus Papam (2011) – Dir. Nanni Moretti

Diferente de tudo na lista, este filme italiano parte de uma premissa ousada: e se o novo Papa se recusasse a assumir? Misturando humor melancólico e crítica social, a obra mostra um cardeal que entra em colapso psicológico ao ser eleito, e a Igreja que tenta lidar com a instabilidade.
Um retrato delicado da solidão do poder e da humanidade por trás da batina.
Para além da fumaça branca
Em tempos de fumaça branca e janelas da Praça São Pedro, essas obras revelam algo que os olhos da imprensa nem sempre alcançam: as dúvidas, disputas e dramas que ocorrem muito antes do habemus papam.
Fica o convite para olhar o Conclave não apenas como um evento religioso, mas como um espelho da condição humana — dividido entre fé e ambição, silêncio e poder.
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