Titãs redesenhou uma geração com o Acústico MTV
O álbum contou com participações de peso, como Marisa Monte e o argentino Fito Páez.
Por LockDJ
Publicado em 23/05/2025 21:23 • Atualizado 23/05/2025 21:25
Música
Muito além do plug desconectado, o Acústico dos Titãs é uma reinvenção que ecoa até hoje (Foto: Divulgação)

Lançado em 1997, o Acústico MTV Titãs representou uma virada na trajetória da banda paulista. O projeto surgiu no auge do formato acústico promovido pela MTV Brasil, que já havia registrado apresentações bem-sucedidas de nomes como Legião Urbana e Gilberto Gil. Para os Titãs, a proposta significava mais do que uma releitura de seu repertório. Era, na prática, uma reinvenção estética e sonora.

 

Produção e escolhas

 

O projeto foi gravado nos estúdios da MTV em São Paulo, com produção musical de Jack Endino, Liminha e da própria banda. Ao longo de mais de uma hora de show, os Titãs revisitaram clássicos e também abriram espaço para músicas menos conhecidas do grande público. O formato acústico exigiu rearranjos cuidadosos, com inclusão de instrumentos de cordas, metais e percussão, além de corais e arranjos vocais mais trabalhados.

 

Participações especiais

 

O álbum contou com participações de peso que contribuíram para ampliar a diversidade de referências do projeto. Marisa Monte participou na releitura de Flores, imprimindo uma nova camada estética à canção, com forte presença vocal e arranjos sutis de percussão.

 

 

O argentino Fito Páez dividiu os vocais em Go Back, trazendo um sotaque latino-americano ao repertório e reforçando os laços culturais com a música produzida fora do eixo Brasil-Estados Unidos.

 

Outras participações incluíram o coral feminino Madrigal Vivace, que marcou presença em faixas como A Melhor Forma, além de músicos de apoio que deram novo corpo às canções originalmente eletrificadas.

 

Repertório e versões

 

O álbum trouxe ainda versões acústicas de músicas como Pra Dizer Adeus, Marvin, Go Back, Polícia e O Pulso, além de Nem 5 Minutos Guardados e Os Cegos do Castelo, que até então eram pouco exploradas nas rádios. Algumas faixas ganharam significados renovados no formato acústico, como Polícia (vinheta), que, antes explosiva, foi apresentada de forma mais cadenciada, sem perder sua crítica original.

 

Recepção e impacto

 

O Acústico MTV dos Titãs foi um dos maiores sucessos da série no Brasil. Ultrapassou a marca de 1,7 milhão de cópias vendidas, colocando-se entre os discos mais vendidos da década de 1990 no país. Recebeu certificado de disco de diamante e permaneceu nas paradas por meses.

 

A crítica destacou a capacidade da banda de transitar do rock pesado dos anos 1980 para uma estética mais sofisticada, baseada em violões, arranjos orquestrais e harmonias vocais. Esse movimento dialogava diretamente com o mercado fonográfico da época, que favorecia projetos acústicos e performances mais intimistas.

 

Turnê

 

A repercussão do álbum levou os Titãs a uma extensa turnê nacional que percorreu capitais e cidades do interior por mais de dois anos. Os shows reproduziam o formato acústico, com cenografia específica, iluminação suave e a presença de todos os músicos de apoio que participaram da gravação. A turnê também gerou um DVD, que manteve o projeto em alta rotação no mercado audiovisual da época.

 

Desdobramentos na carreira

 

O Acústico MTV não apenas consolidou a popularidade dos Titãs junto a um público mais amplo, como também redefiniu seus rumos. A banda, que até então transitava entre o punk, o pós-punk e o rock alternativo, passou a explorar com mais frequência elementos da MPB, da música de concerto e do pop radiofônico. Esse movimento ficou evidente nos álbuns seguintes, como A Melhor Banda de Todos os Tempos da Última Semana (2001).

 

Reverberação até hoje

 

O álbum permanece como um dos registros mais importantes da discografia dos Titãs e da própria história do rock brasileiro. Em revisitações recentes, como na turnê comemorativa Titãs Encontro, os integrantes originais retomaram várias faixas do Acústico MTV, reconhecendo seu peso simbólico e sua conexão direta com diferentes gerações de fãs.

 

Além disso, o Acústico MTV Titãs continua sendo referência para projetos de releituras no mercado fonográfico brasileiro e uma peça central na memória afetiva da cultura pop dos anos 1990 no país.

 

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