Em 26 de maio celebra-se o Dia Mundial do Drácula, uma data que marca a publicação, em 1897, do romance Drácula, de Bram Stoker. Mais do que uma obra de ficção, o livro consolidou um arquétipo cultural que vagou por séculos, atravessando fronteiras entre literatura, cinema e imaginário popular.
A gênese do personagem Drácula remonta à figura histórica de Vlad 3º, o Empalador — voivoda da Valáquia, região que hoje integra a Romênia. Conhecido por sua brutalidade e pelos métodos extremos de punição, Vlad ficou célebre por empalar seus inimigos e instaurar uma política de terror como forma de resistência contra invasões, especialmente otomanas.
O nome “Drácula” tem origem na ordem do Dragão, à qual seu pai, Vlad 2º Dracul, pertencia. Em romeno, “Dracul” significa tanto “dragão” quanto “demônio”, dupla acepção que influenciou diretamente Bram Stoker na construção de seu protagonista.
Stoker não se baseou exclusivamente na biografia de Vlad 3º para criar sua narrativa. A tradição literária dos vampiros já possuía uma trajetória consolidada no século XIX. Obras como The Vampyre (1819), de John Polidori, e Carmilla (1872), de Sheridan Le Fanu, pavimentaram o caminho do terror gótico centrado em criaturas sugadoras de sangue. O próprio poema The Bride of Corinth (1797), de Goethe, já trazia elementos desse imaginário.
O impacto de Drácula ultrapassou as páginas do livro. Com a ascensão do cinema, o personagem encontrou nova linguagem na sétima arte. A primeira adaptação não autorizada surgiu com Nosferatu (1922), de F.W. Murnau, que embora alterasse nomes e características, mantinha a essência do vampiro como ameaça silenciosa. A representação definitiva veio em 1931, com Bela Lugosi no clássico Dracula, da Universal Pictures. O sotaque, os gestos e o figurino do ator húngaro se tornaram símbolos permanentes do vampiro no imaginário global.
Ao longo das décadas, o mito foi constantemente revisitado e ressignificado. Surgiram versões que iam desde o horror clássico até leituras mais eróticas, filosóficas ou mesmo cômicas. Christopher Lee imortalizou uma versão mais intensa do conde em uma série de filmes produzidos pela Hammer Films nas décadas de 1950 e 1970.
Nos anos 1990, Drácula de Bram Stoker, dirigido por Francis Ford Coppola e estrelado por Gary Oldman, trouxe uma abordagem estética mais próxima do romance original, reintroduzindo aspectos do amor trágico e da dualidade entre desejo e maldição.
Na televisão e na literatura contemporânea, Drácula segue se reinventando. Séries, quadrinhos, games e releituras literárias mantêm o personagem ativo no século XXI. Além disso, sua presença na cultura pop extrapola o gênero do terror, aparecendo em animações, comerciais e até produções infantis.
O fascínio por Drácula reflete uma inquietação humana mais profunda: o medo da morte, o desejo pela imortalidade e os limites éticos entre o bem e o mal. O personagem transita entre o monstro e o sedutor, o estrangeiro ameaçador e o reflexo dos próprios dilemas sociais.
No Dia Mundial do Drácula, a celebração não se restringe à memória de um livro. Ela evoca mais de um século de influência cultural que transformou um príncipe da Valáquia e um personagem literário em um dos maiores ícones da história da ficção.
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