Poucas culturas contemporâneas mantêm uma ligação tão visceral com o som quanto o surfe. Não apenas pelas trilhas sonoras que embalam a espera por uma boa onda, mas pelo modo como artistas e filmes traduzem em música e imagem o espírito de liberdade, risco e contemplação que definem quem vive o mar. Neste Dia Internacional do Surfe, 21 de junho, vale resgatar alguns nomes e obras que formaram essa identidade sonora e visual que transcende pranchas e praias.
The Beach Boys, nos anos 1960, foram talvez os primeiros a moldar uma estética sonora do surfe para o grande público. Embora apenas um dos integrantes surfasse de fato, canções como Surfin’ USA e Catch a Wave se tornaram hinos solares, celebrando uma Califórnia mitológica, onde o verão parecia eterno.
Seus vocais em harmonia e letras despreocupadas definiram o que viria a ser rotulado como "surf music", ainda que musicalmente mais pop que o estilo de Dick Dale, pioneiro do surf rock instrumental, com suas guitarras reverberantes e rápidas como um tubo bem formado.
Nos anos 2000, Jack Johnson, surfista profissional antes de músico, deu voz a uma nova geração que misturava a leveza do folk com um estilo de vida centrado no oceano. Seu disco In Between Dreams (2005) virou trilha de viagens de carro à beira-mar, sessões de longboard e festivais de areia e sal.
Jack não canta apenas sobre o mar — ele é um homem do mar, traduzindo a filosofia do surf para canções sobre simplicidade, conexão e introspecção.
Mesmo bandas que não nasceram do surf acabam sendo adotadas pela comunidade por afinidade estética. É o caso da australiana Men at Work. Com Down Under, um dos maiores hits dos anos 1980, a banda ajudou a eternizar uma paisagem sonora tropical e livre, frequentemente associada ao surf. A Austrália, afinal, é uma das grandes capitais do surfe mundial, e a energia descontraída da canção combina com a liberdade dos que vivem à beira-mar.
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NAS TELAS
O cinema também fez sua parte. Filmes como “Caçadores de Emoção” (Point Break, 1991), com Keanu Reeves e Patrick Swayze, mistura o surf com o universo do crime e da adrenalina.

A praia, em Point Break, não é só um refúgio, mas um campo de prova para valores como lealdade, coragem e transcendência. A famosa frase de Bodhi — “Você tem que ir até o limite e depois dar um passo além” — define tanto a filosofia do surfe quanto da vida.
Outros clássicos do cinema surfista, como "Surf no Hawaí" (1987) “Endless Summer” (1966) ou “Soul Surfer” (2011), mostram o esporte como um estilo de vida que desafia não apenas ondas, mas também medos, preconceitos e convenções. A música nesses filmes é tão importante quanto as imagens: embala o ritmo das ondas e dá forma àquilo que não pode ser dito — só sentido.

No fim das contas, a cultura do surf não é feita só de pranchas, mas também de acordes, versos e frames. No som das guitarras, nas letras das canções ou nos silêncios entre uma onda e outra, mora um jeito de ver o mundo: mais leve, mais profundo, mais livre.
#DiaInternacionaldoSurf