Lançado em plena pandemia, em julho de 2020, The Old Guard encontrou terreno fértil na Netflix: ação coreografada sem pudor, carisma de Charlize Theron como a imortal Andrômaca de Cítia (Andy) e um subtexto de guerra eterna traduzido em dilemas contemporâneos – vigilantes que salvam o mundo enquanto questionam a utilidade de continuar vivos.
O filme virou a produção de ação mais assistida da plataforma naquele ano e pavimentou a estrada para um universo maior: graphic novel de Greg Rucka reeditada, spin-offs cogitados e, claro, a aguardada continuação que chega nesta quarta-feira (2) na Netflix.
O gancho que ficou
O primeiro longa encerrou apontando três peças de xadrez:
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Booker (Matthias Schoenaerts) exilado por trair o grupo.
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Quynh (Veronica Ngô), ex-parceira de Andy, reaparecendo depois de séculos submersa.
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Andy descobrindo que sua imortalidade tem prazo de validade.
A sequência retoma essas arestas: Quynh busca vingança; Booker carrega culpa e solidão; e Andy, pela primeira vez em milênios, sente o peso da mortalidade enquanto uma nova ameaça científica tenta decifrar (e comercializar) o “gene da eternidade”.
Mudança no comando, DNA preservado
Sai Gina Prince-Bythewood, entra Victoria Mahoney (Lovecraft Country) – que dirigiu um capítulo de Star Wars (The Rise of Skywalker, segunda unidade). Mahoney promete manter o realismo sujo da ação corpo a corpo, mas acrescentar mais camadas de trauma e humor seco. O texto continua nas mãos do criador Greg Rucka, agora acompanhado por Sarah L. Walker.
Elenco turbinado
Além do núcleo original – Charlize Theron, KiKi Layne, Marwan Kenzari, Luca Marinelli e Chiwetel Ejiofor –, entram Uma Thurman (em papel mantido em sigilo, descrito como “executiva de biofarma movida a lucros”) e Henry Golding como Tuah, ex-aliado de Andy que detém pistas para quebrar o mistério da imortalidade.
A escalação de Thurman, ícone de Kill Bill, sugere duelistas de lâmina afiada; Golding acrescenta charme entre o anti-herói e a camaradagem.
Bastidores conturbados
As filmagens começaram em junho de 2022, mas um incêndio no set na Inglaterra causou paralisação. Refilmagens ocorreram em 2024 para polir duas grandes sequências: um confronto noturno em mar aberto e uma perseguição em Marseille inspirada em Ronin. Esse lapso de produção alimentou incertezas, mas também elevou a expectativa de escala cinematográfica.
Por que importa?
The Old Guard 2 carrega o desafio de não repetir a fórmula “time imortal vs. laboratório ganancioso”, mas o roteiro aponta para conflitos internos – a linha tênue entre eternidade e fadiga existencial. Como Andy lida com a ideia de morrer justamente quando o grupo mais precisa dela? Quynh será antagonista ou vítima de séculos de tortura? E qual o preço geopolítico de vender a vida eterna?
Se o filme acertar a mão, consolida a franquia como a resposta da Netflix a John Wick e ao MCU, mas ancorada em dilemas éticos e representatividade (um romance gay e uma protagonista queer continuam no centro da trama). Se falhar, vira mais um blockbuster descartável no mar de opções do streaming.
A estreia global nesta quarta-feira, 2, dirá se esse exército de imortais ainda tem bala – e emoção – para sustentar um terceiro capítulo.
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