Na noite de 24 de dezembro de 1818, durante a Missa do Galo na igreja de São Nicolau, em Oberndorf, foi apresentada pela primeira vez a canção Stille Nacht, conhecida internacionalmente como Noite Feliz. A execução marcou o início da trajetória de uma das músicas mais difundidas do repertório natalino cristão.

A letra foi escrita pelo padre Joseph Mohr, e a melodia composta por Franz Xaver Gruber, ambos residentes na região do Salzach. A canção foi criada para uso litúrgico e apresentada com acompanhamento simples, condizente com as condições da paróquia naquele período. A partir dessa primeira execução, “Stille Nacht” passou a circular oralmente e por partituras, expandindo-se para outras regiões da Europa.

Ao longo do século XIX, a música ultrapassou fronteiras linguísticas e geográficas, sendo traduzida para pelo menos 45 idiomas. No universo de língua portuguesa, a versão mais utilizada nas celebrações cristãs foi escrita pelo frei Pedro Sinzig, responsável por adaptar a letra ao contexto litúrgico adotado no Brasil e em outros países lusófonos.

A canção também passou a integrar o mercado fonográfico no século XX, sendo gravada por intérpretes de diferentes gêneros musicais. Entre essas gravações, destaca-se a versão de Bing Crosby, que figura entre os singles mais vendidos da história, com cerca de 30 milhões de cópias comercializadas mundialmente.

Em 2011, “Noite Feliz” foi reconhecida como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO, em reconhecimento ao seu papel na transmissão de práticas culturais associadas ao Natal cristão. O reconhecimento consolidou o valor histórico da canção como um elemento de circulação global, vinculado à memória religiosa, musical e social de diferentes povos.

Mais de dois séculos após sua primeira apresentação, “Noite Feliz” segue sendo executada em igrejas, espaços públicos e registros audiovisuais, mantendo sua função original como canto natalino e preservando o vínculo entre música, celebração e tradição.