Michelangelo Buonarroti nasceu em Caprese, nas proximidades de Florença, Itália, no dia 6 de março de 1475, há exatos 450 anos.
A trajetória de Michelangelo foi marcada pelo embate entre vocação e imposição. Desde a juventude, enfrentou resistência familiar por sua escolha artística e, mais tarde, mesmo consagrado, viu-se novamente desafiado ao ser encarregado de uma pintura monumental, a abóbada da Capela Sistina.
Em 1508, o Papa Júlio II encarregou o artista de decorar a Catedral de São Pedro, em Roma, apesar dos protestos de Michelangelo, que exclamava: “Não sou pintor, sou escultor”.
Durante quatro anos, realizou esse exaustivo trabalho, que resultou em 300 figuras.
Na abóbada, de 40 metros de largura por 13 de altura, move-se uma multidão de figuras, umas sentadas, outras flutuando.
Agonia e Êxtase
Michelangelo foi retratado no cinema de maneira intensa no filme Agonia e Êxtase (1965), dirigido por Carol Reed. Baseado no livro de Irving Stone, o longa explora o processo de criação do teto da Capela Sistina e o embate entre o artista e o Papa Júlio II.
No filme, Charlton Heston interpreta um Michelangelo inicialmente relutante, que se considera essencialmente um escultor. A frase histórica “não sou pintor” reflete sua resistência ao projeto. Entretanto, a pressão do Papa, vivido por Rex Harrison, o leva a aceitar o trabalho, transformando o processo artístico em uma batalha de vontades.
O filme destaca a complexidade da personalidade de Michelangelo, um artista obcecado pela perfeição, cuja paixão pelo ofício se traduzia em dedicação extrema e embates frequentes.
Essa intensidade ressoa na forma como encarava a escultura: para ele, a obra já existia dentro do bloco de mármore, cabendo ao artista apenas libertá-la. A pintura da Capela Sistina seguiu um princípio semelhante, no qual as figuras emergem das superfícies, quase escultóricas, em movimento e expressividade.
Agonia e Êxtase capta esse dilema, mostrando um Michelangelo dividido entre seu ideal artístico e as demandas externas. O título reflete bem essa dualidade: a dor e o prazer da criação, o cansaço físico e mental diante do grandioso desafio, mas também a realização de uma obra que se tornaria uma das maiores da história da arte.
O legado de Michelangelo transcendeu sua época, influenciando gerações de artistas. O filme, por sua vez, dialoga com esse impacto ao dramatizar o processo de criação como um ato de resistência e transformação.
Se a Capela Sistina se tornou um ícone da pintura renascentista, foi porque seu autor, mesmo relutante, encontrou na adversidade um caminho para redefinir os limites da arte.
O filme está disponível apenas no catálogo da plataforma Looke, que pode ser acessada pela Prime Vídeo.
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