Renato Russo completaria 65 anos nesta quinta-feira, 27 de março. Mais do que um ícone do rock brasileiro, foi um artista que atravessou décadas e permanece como uma das figuras centrais da música nacional, não apenas pela estética sonora, mas pela forma como impactou uma geração inteira, influenciou bandas, incentivou o hábito da leitura e trouxe novos horizontes culturais ao público jovem.
Nascido em 1960, no Rio de Janeiro, Renato Manfredini Júnior viveu parte da infância e juventude em Brasília, cidade que se tornaria o berço de uma nova cena musical nos anos 1980.
Ainda nos anos 70, Renato adotou o nome artístico Renato Russo, inspirado em pensadores e músicos, formando inicialmente a banda Aborto Elétrico, ao lado de Fê e Flávio Lemos, que mais tarde dariam origem ao Capital Inicial.
Em 1982, fundou a Legião Urbana ao lado de Marcelo Bonfá e Dado Villa-Lobos. No mesmo período, o Brasil passava pela transição da ditadura para a democracia, e as canções compostas por Renato rapidamente ganharam espaço, carregadas de letras que falavam de angústias, crises existenciais, questionamentos políticos e afetivos.
As músicas da Legião dialogavam diretamente com o cotidiano de jovens que buscavam compreender as transformações sociais e pessoais daquele período intricado.
Mais do que criar canções, Renato Russo sugeria ao público novas descobertas. Suas letras eram repletas de referências literárias, filosóficas e históricas, que despertavam nos ouvintes o interesse por autores clássicos, livros e temas sociais. O público da Legião Urbana, de maneira recorrente, era levado a buscar o significado por trás de versos, resultando em um efeito formador em sala de aula, em bibliotecas ou em conversas de adolescentes e jovens adultos.
O alcance de Renato Russo foi além do português. Fascinado por línguas, gravou o álbum The Stonewall Celebration Concert (1994), todo em inglês, abordando temas universais e fazendo referência à luta pelos direitos da comunidade LGBTQIA+.
Em seguida, em 1995, surpreendeu ao lançar Equilíbrio Distante, um álbum em italiano, refletindo sua conexão com a cultura europeia e ampliando o diálogo da música brasileira com o público estrangeiro.
A trajetória de Renato Russo foi marcada por uma intensa produção artística, que ao longo da carreira da Legião Urbana resultou em discos emblemáticos como Dois, Que País é Este, As Quatro Estações, entre outros. Suas composições ultrapassaram o circuito do rock nacional, tornando-se patrimônio afetivo e intelectual para diferentes gerações.
Renato faleceu em 11 de outubro de 1996, deixando um legado que continua reverberando. A cada nova geração que redescobre a Legião Urbana, a voz de Renato Russo retorna, seja através das letras ou das múltiplas linguagens que ele incorporou ao longo da vida.
A influência de Renato Russo segue presente tanto nas bandas que surgiram sob sua sombra quanto nos jovens que, ao ouvir suas músicas, continuam sendo levados a refletir, ler e questionar.
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