Duna: Parte 3 e a expansão do império
A estreia está prevista para dezembro de 2026, e as filmagens já estão em andamento.
Por LockDJ
Publicado em 09/07/2025 15:19 • Atualizado 09/07/2025 15:19
Entretenimento
Duna: Parte 3 deve estrear em dezembro de 2026 (Foto: Divulgação)

Com o anúncio oficial de Duna: Parte 3, o universo criado por Frank Herbert ganha nova pulsação sob a direção de Denis Villeneuve. A adaptação de O Messias de Duna, segundo livro da saga, não é apenas uma continuação cinematográfica: é a transição de um herói mítico para um governante sitiado pela própria lenda. Paul Atreides, vivido mais uma vez por Timothée Chalamet, já não é o escolhido que caminha rumo ao trono. Ele é o imperador, e o trono — como Herbert sempre sugeriu — é uma prisão com vista para o abismo.

 

Villeneuve opta por manter a identidade visual e estrutural da franquia com o título Duna: Parte 3, em vez de assumir diretamente o nome da obra literária. A escolha reforça a coesão entre os capítulos anteriores e este novo ciclo, mas sinaliza também que estamos diante de algo mais complexo: a desconstrução do mito.

 

O retorno do elenco original — Zendaya, Rebecca Ferguson, Javier Bardem, Josh Brolin e Florence Pugh — confirma a continuidade das tramas políticas e afetivas já em curso. A chegada de novos nomes, como Anya Taylor-Joy (Alia Atreides) e Robert Pattinson (Scytale), introduz variáveis decisivas: a religiosidade radicalizada, a manipulação genética, o corpo como ferramenta de guerra e a ameaça dos Tleilaxu. A presença de Jason Momoa e seus filhos na trama sugere que as ramificações familiares e simbólicas de Duncan Idaho também ganharão peso dramático.

 

Filmado parcialmente em IMAX, o longa promete manter o requinte visual das produções anteriores — mais do que estética, um traço do controle absoluto de Villeneuve sobre atmosfera e ritmo. Se a primeira parte era deserto e iniciação, e a segunda era revolução e tragédia, a terceira será império e culpa. Herbert nunca escreveu sobre heróis; narrou sobre os custos da idolatria e a ilusão do poder.

 

A estreia está prevista para dezembro de 2026, e as filmagens já estão em andamento. Com mais de US$ 700 milhões arrecadados pelos dois primeiros filmes, a expectativa comercial é alta. Mas Duna: Parte 3 parece querer mais do que bilheteria — quer ser o ponto de inflexão entre o épico e o desconforto ético, entre a ficção científica e a crítica religiosa.

 

Mesmo com a possibilidade de Villeneuve encerrar sua participação na direção da saga com esse terceiro filme, o universo de Duna segue fértil. Spin-offs, séries e outras adaptações permanecem no horizonte. Mas é com O Messias de Duna que a história deve atingir sua maturidade amarga: a ascensão se esgota, e o deserto — sempre o deserto — volta a engolir o mito que criou.

 

Arrakis permanece. A luta continua. E, mais uma vez, Duna nos ensina que não há redenção sem perda — nem futuro sem areia.

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