Escrito nas Estrelas e o Festival que virou constelação
Música surgiu como um híbrido misterioso — pop místico, MPB cósmico, bolero psicodélico.
Por LockDJ
Publicado em 20/04/2025 00:36 • Atualizado 20/04/2025 00:36
Música
Tetê Espíndola fez "Escrito nas Estrelas" escancarar as portas do inconsciente coletivo (Foto: Reprodução)

O Brasil ainda tentava reaprender a respirar democracia, numa transição política trêmula, sem final de novela. A televisão, como quem sabe de seu papel de palco e púlpito, decide celebrar 20 anos com o Festival dos Festivais — um evento promovido pela Rede Globo que mais parecia um grito coletivo, embalado por luzes artificiais, melodias urgentes e vozes que queriam mais do que vencer: queriam ser ouvidas.

 

Foi nesse cenário de microfones suados e corações disparados que ela apareceu: Tetê Espíndola. Pássaro andino, soprando agudos impossíveis com a força de quem carrega o Pantanal na garganta.

 

No meio de centenas de vozes e propostas estéticas, Tetê entregou "Escrito nas Estrelas", composição de Arnaldo Black e Carlos Rennó, como quem oferece uma oferenda sonora ao universo. A canção era um híbrido misterioso — pop místico, MPB cósmico, bolero psicodélico. O tipo de música que você ouve uma vez e não sabe se gostou... mas ouve de novo. E aí percebe: ela colou em você.

 

Quando a final do Festival foi ao ar direto do Maracanãzinho, com todo seu circo montado, Tetê enfrentou a lógica com um timbre improvável, uma presença etérea e um vestido que parecia capturar o céu. Ganhou o voto popular — porque o povo ainda sabe reconhecer quando o universo responde em forma de canção.

 

"Escrito nas Estrelas" virou um clássico imediato


Escrito nas Estrelas escancarou as portas do inconsciente coletivo. Virou fundo de cena, dedicatória de rádio, fita cassete regravada no “rec”. Tornou Tetê Espíndola um enigma vivo da música brasileira: uma artista experimental, mas com apelo popular — e isso, convenhamos, é coisa rara.

 

O Festival dos Festivais, com todos os seus excessos e glitter oitentista, foi um marco.


Mas Tetê foi o cometa.


E deixou rastro.

 

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